A multinacional Kemet Electronics, em Évora, acabou com a laboração por turnos, concentrando alguns operários num único horário de trabalho e outros na formação. Em causa está a redução do número de encomendas, disse hoje à DianaFm José Simões, secretário-geral do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins. “A empresa acabou com os turnos, porque não tem trabalho suficiente para as pessoas”, revelou o sindicalista. Este sindicato reuniu terça-feira com a administração da Kemet Electronics, que produz condensadores para telemóveis e emprega cerca de 470 pessoas. “A Kemet acabou com os turnos, levando os trabalhadores a perder 28 por cento (quase um terço) daquilo que levavam para casa”, indicou o sindicalista. “Esta decisão tem um impacto negativo e não devia ser assim, nem pode ser assim”, acrescentou. Segundo José Simões, “os trabalhadores que estavam a trabalhar por turnos (em laboração contínua) são os que ficam mais prejudicados”, porque perdem quase um terço do ordenado. O dirigente sindical adiantou ainda que a multinacional pretende integrar “todos os trabalhadores num plano de formação”, que irão frequentar por grupos, em regime de rotatividade, “sem que a fábrica pare”. “Formação para quê? Os operários ainda não têm garantias de nada”, questionou. José Simões reconhece que “o problema não é fácil”, contudo, considerou que “é diferente do que se passou na vizinha Tyco Electronics”, que apresentou uma proposta de suspensão de contratos. “Por agora, a Kemet não vai despedir ninguém, há só alteração de horários”, disse. Segundo o sindicalista, “os trabalhadores estão preocupados com a situação”, mas “ainda não tomaram uma posição” relativamente à decisão da empresa. A Kemet Electronics, segundo José Simões, “está a trabalhar no sentido de encontrar novos produtos, mais rentáveis, para não estar dependente de um só produto”.