O Centro de Geofísica de Évora mede desde há vários anos os aerossóis atmosféricos que atingem a região de Évora e a do Cabo da Roca, a partir de detecção remota de superfície e de observações "in situ". Recentemente, com a aquisição de um sistema LIDAR (LIght Detection And Ranging), multicanal, através do Programa de Reequipamento Científico da FCT, passou também a medir o perfil vertical dos aerossóis sobre Évora até a uma altitude de cerca de 15 Km, ou seja, a altitudes acima das quais a pluma de aerossóis originada na Islândia está a ser transportada.
Assim, este LIDAR, bem assim como todos os outros que integram a rede Europeia EARLINET (European Aerosol Research Lidar NETwork) ou a rede Ibérica SPALINET (Spanish and Portuguese Aerosol Lidar NETwork), onde o LIDAR do CGE está inserido têm vindo a "seguir" a evolução da pluma, que no dia 14 de Abril iniciou o seu transporte na atmosfera e que no dia 15 já atingia a Escandinávia (Fig1) e que hoje, dia 20 de Abril já chegou ao espaço aéreo Português, nos Açores, conforme se mostra na Fig 2 . Estas observações que estão a ser feitas com muitos dos sistemas LIDARES da EARLINET e da SPALINET, das quais se mostra a obtida em Leipzig, Alemanha no Institute for Tropospheric Research (IFT) a 18 de Abril (Fig. 3) onde é visível a pluma mais densa de cinzas vulcânicas desde 1 a 4km (cor alaranjada), bem assim como os aerossóis desta pluma, já menos densa, a cor amarela, atingindo altitudes até 13km (por cima de uma nuvem de cirros, côr vermelha, situada a cerca de 9-10km). Esta pluma, tão bem identificada por este sistema, não era de todo visível a olho nu. Observações de diversas estações da EARLINET, incluindo a do CGE podem ser vistas através do link http://www.meteo.physik.uni-muenchen.de/~stlidar/quicklooks/European-quicklooks.html. Hoje, como se pode ver na Figura 4, ainda não é visível qualquer vestígio de aerossóis de cinza vulcânica sobre Évora (cor azul).
No entanto como se pode perceber, foram as observações dos LIDARES localizados no centro e norte da Europa que ajudaram a validar os modelos de transporte desta pluma e que, no caso de ela vir a passar, sobre Portugal Continental, pela circulação atmosférica, será também detectada pelo Sistema Lidar instalado em Évora. É devido a esta potencialidade que a Organização Meteorológica Mundial, os Serviços Meteorológicos Europeus e os Centros Consultivos de Cinzas Vulcânicas (VAAC- Volcanic Ash Advisory Centre) particularmente o de Londres, pediram que lhe fossem disponibilizadas todas as observações que estão a ser recolhidas no âmbito da EARLINET, para validarem e aferirem os modelos de transporte desta pluma de cinzas vulcânicas
Figura 1- Evolução da pluma de cinzas no início da erupção (14/04 e 15/04/2010) - Imagem obtida do link: (http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/vaacuk_vag.html)
Figura 2- Localização da pluma de cinzas atingindo a região dos Açores, hoje dia 20/04/2010)- Imagem obtida do link: (http://www.metoffice.gov.uk/aviation/vaac/vaacuk_vag.html)
Figura 3 – Imagem obtida com o Sistema LIDAR de Leipzig, Alemanha, no IFT, e perfil vertical dos aerossóis (direita da imagem) onde é visível a parte mais densa da pluma (1 a 4km) bem assim como a camada menos densa situada até 13km de altitude e os cirros localizados a cerca de 9-10km - obtida através do link http://polly.tropos.de/martha .
Figura 4- Imagem obtida com o Sistema LIDAR no Centro de Geofísica de Évora onde não é visível nenhuma camada de aerossóis de cinzas vulcânicas, mas apenas algumas nuvens (alto cúmulos) a cerca de 6km de altitude
Centro de Geofísica de Évora
Responsável científico da estação do CGE na EARLINET – Doutor Frank Wagner
Membros da equipa do CGE na EARLINET: Ana Maria Silva, Jana Preiler, Juan Luis Rascado
Informação enviada pelo GABCOM da Universidade de Évora